Project Gutenberg's Os Cataventos, by António Augusto da Rocha Peixoto

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Title: Os Cataventos

Author: António Augusto da Rocha Peixoto

Release Date: July 5, 2015 [EBook #49367]

Language: Portuguese

Character set encoding: ISO-8859-1

*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK OS CATAVENTOS ***




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Nota de editor: Devido à existência de inconsistências nomeadamente relativas à numeração das imagens, foram tomadas várias decisões quanto à versão final. As decisões encontram-se descritas no fim desta obra.

Rita Farinha (Julho 2015)





PORTVGALIA

MATERIAES PARA O ESTUDO DO POVO PORTUGUEZ


SEPARATA DO TOMO II, FASCICULO 3



Rocha Peixoto



OS CATAVENTOS


COM QUARENTA E SEIS ILLUSTRAÇÕES NO TEXTO





PORTO
IMPRENSA PORTUGUESA
112—Rua Formosa—112


1907






PORTVGALIA

MATERIAES PARA O ESTUDO DO POVO PORTUGUEZ


SEPARATA DO TOMO II, FASCICULO 3



Rocha Peixoto



OS CATAVENTOS


COM QUARENTA E SEIS ILLUSTRAÇÕES NO TEXTO





PORTO
IMPRENSA PORTUGUESA
112—Rua Formosa—112


1907





OS CATAVENTOS



Na meteorologia popular prognostica-se ácerca dos doze mezes do anno conforme os aspectos dos primeiros doze dias de janeiro; ou presume-se pelo vento que soprar á meia noire no dia da Senhora das Candeias, 2 de fevereiro, o vento dominante durante o resto do anno; ou conclue-se pela agitação atmospherica n'umas temporas d'onde prevalecerá o meteoro até ás seguintes; ou ainda mais restrictamente se avalía pelo vento do dia de S. Miguel, 29 de setembro, o estado do inverno que se approxima; ou, por ultimo,se infere da direcção observada á uma hora da tarde do dia da Senhora da Ascenção qual o vento estival de predominio. A verdade, porém, é que isto se caticina e mal se admitte. Alguns adagios contradictam logo os prenuncios, pois

Quando deus queria,
Do Norte chovia.
Quando Deus quer, com todos os ventos chove. Vento e ventura,
Pouco dura.
Fig. 1
Fig. 2
Fig. 3
Figs. 1 a 3

De mais firmesa é a illação diaria tirada dos aspectos celestes, associados frequentemente a relações com a ondulação orographica local. «Vem ahi o trovão», diz-se no planalto de Barroso ao observarem-se as formas de certas nuvens e a orientação da sua marcha. E a trovoada, ás vezes diaria no estio, em breve surge. No Soajo, formando-se ellas na portella de Tibo, apenas se «esbarram» em vento; mas levantando-se uns «penduricalhos» no rio, sitio do Cachão, e quando o castello da Nobrega «tem carapuça» irrompe a chuva. O mesmo succede em Castro Laboreiro quando as nuvens «fazem chapeu» lá para os montes do Gerez; e em Rebordãos, nas abas da serra da Nogueira, se «está o buraco tapado», ou sejam as nuvens ao nascente, a agoa é certa. Entretanto, como se diz no Soajo:


Chuvas de verão,
É como amores em vão.


A «maré pica de cima» ou a «maré pica de baixo» são as formulas com que ordinariamente se distinguem os ventos norte e sul que annunciam bom ou mau tempo. [4] Todavia, e em regra, quando o vento do sul é forte, a chuva não se prolonga tanto como se é mais brando do mesmo quadrante (Castro Laboreiro).

Outras previsões fundamentadas em varios aspectos de nuvens, do orvalho e circumstancias, logares e horas em que se mostra, de attitudes dos aninmaes e até da agoa das fontes, asseguram nevoeiro ou chuvas proximas, os trovões ou as nevadas.

Fig. 4
Fig. 5
Fig. 6
Figs. 4 a 6

E mais quando os trabalhadores seccam as mãos e não se agarram aos cabos das enxadas é signal de chuva, como é de trovoada, pela tarde, quando, na faina do centeio, a palha tem difficuldade em guardar o grão e se resente da humidade (Castro Laboreiro).

Fig. 7
Fig. 8
Fig. 9
Fig. 10
Figs. 7 a 10

Decerto que com alguns d'estes e outros prognosticos nem sempre condiz a realidade ulterior dos factos. Mas em muitos a experiencia assegura a certesa, tanta e precisa como a tem o aldeão, e o serrano principalmente, quando se orienta. Assim, pelos cumes dos montes descobertos se guiam, como pela altura do sol calculam a hora e ainda pela direcção e extensão da sombra (Barroso). Depois do dia governa-os o sete-estrello e por elle sabem se a noite vae alta (Nogueira, Barroso, Laboreiro). Se pela tarde, emtanto, ha muito nevoeiro, é o orvalho que os esclarece sobre a approximação da noite. «Já lóze o orvalho», isto é, já luz e portanto a noite chega (Castro Laboreiro). Só quando o camasso ou camada de neve é tal que tudo é branco (Barroso) os mais sabidos se perdem nos caminhos; os homens enterram-se até aos joelhos; os gados [5] não podem marchar, sequer para irem beber; e, na serra das Alturas, não é possivel mesmo sahir por um e por dois mezes.

Fig. 11 Fig. 12
Figs. 11 a 12
Ainda outro impedimento de orientação, mas mais ephemero, vem com a nevoa. Ha a esperar que se dissipe. E entretanto afugentam-a com esconjuros, com formulas rimadas. Em Meirinhos, no concelho de Mogadouro, os rapazes, quando pela manhã a olham, increpam-a e mandam-a para a Villariça:

Névoínha peidorreira,
Vae para os cantos da ribeira,
Que está lá uma porca parida com leitões.
Come-lhe os leitões,
E manda a porca para os berrões.


As grimpas, emtanto, sempre que as ha, são naturalmente observadas, uma vez que este simples apparelho, limitado frequentemente a uma bandeirola movendo-se em torno d'um eixo vertical, indica a direcção do vento e, derivativamente, certos estados atmosphericos. Rara é a torre que não remata em veleta. De dia, pois, e sem nevoa, a freguesia tem na séde o instrumento que logo a elucida, mais ou menos grosseiramente, sobre o tempo provavel.
Fig. 13 Fig. 14
Figs. 13 a 14
Fig. 15 Fig. 16
Figs. 15 a 16
Este apparelho, a um tempo orientador e ornamental, procede da alta edade-media tendo sido a principio um signal de nobresa[1] e portanto um privilegio senhorial[2]. Além das edificações nobilitarias, só tinham direito a exhibil-as as construções ecclesiasticas. De sorte que figuravam muitas vezes as armas do mosteiro e do senhor em recorte na chapa, pintadas ainda e douradas, ou outros symbolos da heraldica, como corôas e leões rompantes. Nos seculos XIV e XV as grimpas convertem-se em verdadeiros ornamentos. E como desde os fins do seculo XI a torre, depois de ter sido uma fortificação que protegia a egreja, comece a prestar-se ás funcções se multipliquem com uma liberdade cheia de phantasia, tornando-se um poderoso instrumento de decoração e de orgulho para cathedraes e mosteiros[3], [6] as proprias ornamentações dos remates mais se acuminam e alindam. Umas vezes a decoração exclue a ventoínha e apenas consiste em combinações de folhas e flores, aves e outra fauna de imaginação, figuras humanas e cupidos, de loiça, ferro, chumbo ou zinco e do mesmo passo notaveis pela belleza de execução e graça[4]. É a estes ornamentos em ponta que correspondem, nos monumentos arabes, as terminações aceradas que um crescente fecha[5]. As mais das vezes, porém a veleta apparece sob a forma de monstros alados, dragões e animaes phantasticos[6], do archanjo S. Miguel, anjos e navios[7], do gallo principalmente[8], tudo mais ou menos historiado [7] e até, da Renascença ao seculo XVII, com a assignatura ou inspiração d'um artista emerito[9].


Fig. 17
Fig. 18
Fig. 19
Figs. 17 a 19


Fig. 20
Fig. 21
Fig. 22
Fig. 23
Figs. 20 a 23


Fig. 24
Fig. 25
Fig. 26
Fig. 27
Figs. 24 a 27


Fig. 28
Fig. 29
Fig. 29a
Figs. 28 e 29


Fig. 30
Fig. 31
Figs. 30 e 31
A serralheria portuguesa concorreu tambem, com a humildade caracteristica da industria popular nacional, para a indigente ornamentação dos acumes das torres e, mais restrictamente, de castellos, de pharoes, de pelourinhos (Rates), de chafarizes (Barcellos), de moínhos, de telhados, de chaminés (Alemtejo) e até d'um mastro ou varo ao alto, em campos e quintaes. Dominam, todavia, as de ferro nas egrejas. A flecha, designadamente adstricta a indicar o rumo do vento, é simples, associada a folhagens, á cruz e á esphera armillar, recortada outras vezes e até modificada na sua configuração habitual, substituindo-se por um sol a massa posterior e mais pesada. São exemplos as que se vêem em muitas habitações particulares (fig. 1), a do convento dos dominicos de Amarante (fig. 2) e a do santuario da Senhora da Abbadia (fig. 3). [8]



Fig. 32

Fig. 32

A combinação da bandeirola e da flecha é patente na egreja de S. Victor, em Braga (fig. 4), pois a bandeira apenas, como as de Santo Thyrso, de Moreira da Maia, de Santo Ildefonso, no Porto, da Alcaçova, em Montemór-o-Velho, de Travanca (fig. 5) e da capella do Bom Despacho, em Ancêde (fig. 6), são menos communs na singelesa dos seus breves recortes. A regra é accusarem a suggestão da flecha, como a do pelourinho de Rates (fig. 7), a do Carmo de Braga (fig. 8), a da capella da Senhora da Graça de Villa Cahiz (fig. 9) e a do mosteiro de Refojos do Lima (fig. 10). E a desfiguração d'esse elemento sempre transparece, aliás, em exemplares como a da casa particular do Trasladario, nos Arcos de Val de Vez (fig. 11), ess'outra dos Arcos (fig. 12), a de Santo Antonio dos Frades, em Ponte do Lima (fig. 13), a do Populo, em Braga (fig. 14), a da Misericordia de Amarante (fig. 15) e a da matriz de Ancêde, em Baião (fig. 16). Com os mesmos accessorios da cruz e da esphera armillar, mas mais historiadas e accrescidas, são as da egreja do Espirito Santo, nos Arcos de Val de Vez (fig. 17), e a da capella de S. João do Souto, em Braga (fig. 18)[10]. A do Oratorio da Senhora da Saude das Carvalheiras, n'esta ultima cidade (fig. 19), é apenas uma interessante substituição pelos cravos e a corôa de espinhos.
Fig. 33
Fig. 33



Fig. 34

Fig. 34

Tam frequente é ainda o gallo, symbolo da vigilancia, vulgarissimo nas torres das numerosas egrejas christãs[11], e já empregado de datas longinquas[12]. Alguns mesmo assumiam proporções grandiosas: o da torre da Ajuda, cuja veleta de bronze attingia 31 palmos de alto, media 18 do bico á cauda[13]! Nas casas particulares ou seus annexos [9] (fig. 20), em Cedofeita e Carmo, no Porto, nas matrises da Trofa, de Ponte do Lima, da Campeã (fig. 21) e de Castro Laboreiro (fig. 22), na egreja da Senhora das Dôres, da Povoa de Varzim (fig. 23), na Lapa, em Braga (fig. 24) e em outras e innumeraveis torres e campanarios, o gallo apparece, ou associado simplesmente á cruz ou a folhagens e emblemas ornamentaes. Outras aves raramente pretextarão o ornato accessorio das grimpas, como o caso das duas geminadas no Seminario de Braga (fig. 25), ou então o papel exclusivamente decorativo do admiravel pelicano de bronze da Sé de Vizeu, inicialmente estante de côro, e durante muito tempo adaptado, depois de mutilado, a uma torre da cathedral, por cima do sino do relogio[14]!

Da fauna ha ainda os peixes, principalmente nas povoações da beira-mar (Mattosinhos, Santa Cruz do Bispo, Lavra, etc.), os leões mais ou menos barbaros como o da egreja de Pico de Regalados (fig. 26) e os dragos da fauna mythica, como o do mosteiro de Santa Maria de Bouro (fig. 27), já de remota concepção e uso[15].


Fig. 35

Fig. 35



A iconographia dos anjos é mais vasta e variada em pormenores. Vêem-se com a mitra e o baculo no hospital de S. Marcos de Braga (fig. 28), com o calice em Guimarães, com o sol na matriz de Fão e na egreja de S. Francisco, em Ponte do Lima (fig. 29), com a tuba em S. Bento, no Porto, e em S. Martinho de Gallegos, junto a Barcellos, com outros emblemas em S. Paio, nos Arcos (fig. 30), com arco e setta na egreja de S. Domingos, em Amarante (fig. 31), com a espada em Guimarães e no santuario do Allivio, em Soutello, e com o gladio ondeante na matriz de Monsão. Este motivo decoral, de execução mais difficil, é tambem dos mais generalisados nos templos christãos; e occorre relembrar o celebre anjo de ouro do campanario de S. Marcos, em Veneza, esculptura de madeira de 5 metros de alto, revestida de chapas de bronze dourado e inaugurada solemnemente como catavento no primeiro quartel do seculo XVI[16].


Fig. 37

Fig. 37


Veem por ultimo, e d'ordinario na habitação privada, outras figuras


Fig. 36

Fig. 36

alheias aos themas convencionaes, como o homem sobre um sol e que consulta os astros, n'uma casa da Povoa de Varzim (fig. 32), o homem que [10] maneja um alfange, o miliciano que aponta uma espingarda, o cavalleiro que galopa, o cavalleiro que peleja (Povoa de Lanhoso), outras mais.

De toda esta obra de serralheria só excepcionalmente se aparta uma grimpa mas interessante de concepção e realisação, como as já alludidas de S. João do Souto, de Monsão e de Bouro e ainda a agradavel cruz ornamentada de Santa Eugenia de Rio Côvo, perto de Barcellos. No norte, como no sul[17], as veletas e outra obra artistica de ferro manifestam vivamente a subalternidade portuguesa ante a sumptuosa variedade e merito artistico da obra similar hespanhola.

Entretanto não se limitam ás grimpas os pequenos instrumentos de engenho popular accionados pelas correntes aereas.



Fig. 38

Fig. 38

Ha-os que são exclusivamente decorativos; outros destinam-se a afugentar as aves que assaltam os fructos; outros ainda são ventoínhas reguladoras, mais ou menos. Um muito interessante pela simplicidade, graça e utilisação d'um recurso commum e local é a especie de anemometro executado com duas varas em cruz, rematando cada extremidade com a valva concava d'um lamellibranchio do Gen. Pecten, o P. maximus, L. (fig. 33). Usam-o em varias freguesias do concelho da Povos de Varzim, como Amorim (Abremar), Beiriz e Terroso, dando assim ás conchas uma das varias applicações, ou ornamentaes ou utilitarias, já conhecidas[18].
Na mesma região até uma canna, com um velho retalho de sola figurando de bandeira, serve de catavento. O modelo, porém, mais geral é o denominado ventiéla (fig. 34) commum não só em todo o concelho, mas ainda n'outros e com ligeiras alterações constructivas, como em Bouças, por exemplo (fig. 35).


Fig. 39 Fig. 40 Fig. 41

Fig. 39 a 41



Annexando á ventiéla uma velha vasilha de folha de ferro e duas pedritas suspensas por fios do eixo movel, de sorte a percutirem repetidamente a lata quando o apparelho está em movimento, temos o catavento, corta-vento ou bate-bate que afugenta a passarda das figueiras e das vinhas. É a taraméla de Ponte do Lima (fig. 36), a tarabella de Lindoso e Miranda, a cacaréla de Melgaço, o ratatau e catraméla de Santa Martha de Penaguião, a ralhadeira do Soajo, o batedor de Barroso, o rigibó ou ruge-ruge de Cabeceiras e do Arco de Baúlhe (fig. 37), um modelo geral, emfim, com estas designações ou outras, empregado em quasi todo o paiz para semelhante destino—como, para a defesa dos ervilhaes, o casaco, as calças e chapeu velhos suspensos de dois paus em cruz e formando o geralmente denominado espantalho.

[11] A designação barrosã de batedor applica-se, aliás, em Lindoso a outro engenho com intuitos semelhantes, ou sejam de espantar a beadilha—bichos bravos, como o texugo e a raposa—mas em que o vento não interfere. É uma caixa de madeira disposta sob um veio de agoa que vem d'alto.


Fig. 42

Fig. 42


Fig. 43

Fig. 43

Ao fundo addiciona-se-lhe uma longa taboa que remata por um mascôto e cujo peso, quando a caixa está vasia, inclina esta para a frente. Enchendo-se de fluído, o recinto então pesa mais, ergue-se veloz e logo verte e se esvasía. Volve, pois, á posição inicial, isto é, inclinando-se para o lado do mascôto; e ao voltar este bate rijamente n'uma taboa sobjacente. São estas pancadas successivas e espaçadas que amedrontam e afastam a bicharia.

A intenção ornamental determina a adopção d'outros brinquedos em que do vento apenas se deseja motricidade, sem nada inquirir do rumo em que caminha. São as flammulas e bandeiras dos coruchos ou cupulas das moreias (Ponte da Barca, Barcelos, etc.), associadas frequentemente a cruzes floreadas, a estrellas, a arcos de festas, e ás vezes mesmo ao pucaro invertido que corôa as mêdas (Maia, Bouças, Porto, etc.); são as reducções dos moínhos de vento (fig. 38) com os mesmos pannos e varaes, em logares, como Laundos e Terroso, no


Fig. 44

Fig. 44


Fig. 45

Fig. 45

concelho da Povoa de Varzim, onde funccionam estas rudimentares estancias de moagem; são os curiosos bonecos de madeira que se veem nas hortas, jardins e campos desde Barcellos e Povoa de Varzim até á Maia e parte do concelho de Bouças. O exame das figuras, todas pintadas a côres vivas, logo indica como se effectua o andamento (figs. 39 a 42). Outr'ora, em Azurara, raro era o quintal que não possuía uma ventoínha figurada, em regra esculpida por marujos em descanço. E em alguns casos, que hoje só por acaso se observam na area dita, em vez d'uma figura havia muitas, peões e cavalleiros batalhando sobre uma circumferencia com cerca d'um metro de diametro.

Ainda um barco, com a cordoalha de arame e as vélas de tecido de algodão (fig. 43) estava organisado e orientado de sorte (Povoa de Varzim) a realisar movimentos que imitavam [12] a marcha d'uma nave. Mas já outra esculptura immovel, do mesmo habilidoso, apenas manifestava, a seu modo, um symbolismo: era um saragoçano em face do tripé que sustentava o oculo de alcance e inquirição; á frente o cão fiel; a um lado um anjo inspirador, sustentando nas mãos os astros sobre cuja influencia incidiam as observações do astrologo, atraz, e a uma meza, o secretario que registava as observações e os algarismos (figs. 44 e 45).

Fig. 46
Fig. 46
Como arte popular esta esulptura lembra os brutescos que os ceramistas de Aveiro fabricavam para ornamento dos telhados. Apenas os esculpidos e levantados para ventoínhas teem sobre aquelles o interesse do movimento.

Ora nem só as creanças, com os seus corrupios e gregorios (fig. 46), se apropriam do vento como agente do brinquedo: tambem o homem, independentemente da utilidade orientadora do engenho, edifica grimpas e cataventos que o mesmo motor faz trabalhar para seu regalo esthetico—bem limitado, em verdade!


Porto. Janeiro, 1907.



Fig. 47




Notas:

[1] Viollet-le-Duc, Dict. raisonné de l'architecture française du X au XVI siècle, VI, voc. Girouette, pags. 28-9. Bauce ed. Paris, 1863.

[2] Camille Enlart, Manuel d'archéologie française depuis les temps mérovingiens jusqu'à la Renaissance, II, Architecture civile et militaire, pag. 177. A. Picard ed. Paris. 1904.

[3] Louis Gonse, L'art gothique, pags. 110-1. Quantin ed. Paris, s. d.—André Michel, Histoire de l'Art, capitulo de Camile Enlart, L'architecture romane, I, 2.ª parte, pags. 450-2. A. Colin ed. Paris, 1905.

[4] Henry Havard, Dict. de l'ameublement et de la décoration depuis le XIIIe siècle jusqu'à nos jours, II, voc. Épi, pags. 503-4 e figs. 339 a 342. Quantin ed. Paris, s. d.—Viollet-le-Duc, ob. cit., V, mesmo voc., pags. 271-87.

[5] Prisse d'Avennes, L'art arabe d'après les monuments du Kaire. Morel & C.ie eds. Paris, 1877.

[6] Havard, ob. cit., voc. Girouette, pag. 1099.—Viollet-le-Duc, ob. cit., VI, voc. Croix, pag. 427.

[7] Enlart, Manuel cit., pag. cit.

[8] Viollet-le-Duc, ob. cit., VI, voc. Croix, pag. cit., e voc. Coq, pags. 305-6.

[9] Havard, ob. cit., voc. Girouette, pag. 1100.

[10] Pela distancia e situação do desenhista em relação ao objecto esboçado, algumas das grimpas figuradas não apresentam o rigor de perspectiva nem a minucia de pormenor que os embaraços accusados explicam.

[11] Viollet-le-Duc, ob. cit., VI, voc. Coq, pag. 306.—Paul Sébillot, Les travaux publics et les mines dans les traditions et les superstitons de tous de pays, pag. 383. Rothschild ed. Paris, 1894.

[12] Viollet-le-Duc, ob. cit., VI, voc. Croix, pag. 432.

[13] Ribeiro Guimarães, Summario de varia historia, V, pag. 175. Rolland & Semiond eds. Lisboa, 1875.

[14] Filippe Simões, A Exposição retrospectiva de arte ornamental portugueza e hespanhola em Lisboa, pag. 78. Typ. Universal. Lisboa, 1882.

[15] Havard, ob. cit., II, voc. Girouette, pag. 1099.—Enlart, Manuel cit., II, pag. 177.

[16] Gabriel Pereira, O Campanario de S. Marcos, in Bol. da R. Assoc. dos architectos civis e archeologos portuguezes, serie IV, fasc. 5.º, pag. 32. Lisboa, 1902.

[17] Gabriel Pereira, Estudos eborenses, fasc. VII, pag. 25. Minerva eborense. Evora, 1886.

[18] Rocha Peixoto, Notas sobre a malacologia popular, in Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes, I, pags. 75-90. Porto, 1890.




Lista de decisões efectuadas

Aqui encontram-se listadas as decisões tomadas em momentos menos claros da revisão desta obra:


A partir da fig. 29 existe um desfasamento na numeração das imagens.
Mantivemos essa discrepância devido às diversas referências às figuras que se encontram
ao longo do texto, podendo a sua renomeação alterar a relação pretendida pelo autor.






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from both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and The
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violates the law of the state applicable to this agreement, the
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remaining provisions.

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trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone
providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in
accordance with this agreement, and any volunteers associated with the
production, promotion and distribution of Project Gutenberg-tm
electronic works, harmless from all liability, costs and expenses,
including legal fees, that arise directly or indirectly from any of
the following which you do or cause to occur: (a) distribution of this
or any Project Gutenberg-tm work, (b) alteration, modification, or
additions or deletions to any Project Gutenberg-tm work, and (c) any
Defect you cause.

Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm

Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of
electronic works in formats readable by the widest variety of
computers including obsolete, old, middle-aged and new computers. It
exists because of the efforts of hundreds of volunteers and donations
from people in all walks of life.

Volunteers and financial support to provide volunteers with the
assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's
goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will
remain freely available for generations to come. In 2001, the Project
Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure
and permanent future for Project Gutenberg-tm and future
generations. To learn more about the Project Gutenberg Literary
Archive Foundation and how your efforts and donations can help, see
Sections 3 and 4 and the Foundation information page at
www.gutenberg.org Section 3. Information about the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation

The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit
501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the
state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal
Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification
number is 64-6221541. Contributions to the Project Gutenberg Literary
Archive Foundation are tax deductible to the full extent permitted by
U.S. federal laws and your state's laws.

The Foundation's principal office is in Fairbanks, Alaska, with the
mailing address: PO Box 750175, Fairbanks, AK 99775, but its
volunteers and employees are scattered throughout numerous
locations. Its business office is located at 809 North 1500 West, Salt
Lake City, UT 84116, (801) 596-1887. Email contact links and up to
date contact information can be found at the Foundation's web site and
official page at www.gutenberg.org/contact

For additional contact information:

    Dr. Gregory B. Newby
    Chief Executive and Director
    gbnewby@pglaf.org

Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation

Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide
spread public support and donations to carry out its mission of
increasing the number of public domain and licensed works that can be
freely distributed in machine readable form accessible by the widest
array of equipment including outdated equipment. Many small donations
($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt
status with the IRS.

The Foundation is committed to complying with the laws regulating
charities and charitable donations in all 50 states of the United
States. Compliance requirements are not uniform and it takes a
considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up
with these requirements. We do not solicit donations in locations
where we have not received written confirmation of compliance. To SEND
DONATIONS or determine the status of compliance for any particular
state visit www.gutenberg.org/donate

While we cannot and do not solicit contributions from states where we
have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition
against accepting unsolicited donations from donors in such states who
approach us with offers to donate.

International donations are gratefully accepted, but we cannot make
any statements concerning tax treatment of donations received from
outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff.

Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation
methods and addresses. Donations are accepted in a number of other
ways including checks, online payments and credit card donations. To
donate, please visit: www.gutenberg.org/donate

Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic works.

Professor Michael S. Hart was the originator of the Project
Gutenberg-tm concept of a library of electronic works that could be
freely shared with anyone. For forty years, he produced and
distributed Project Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of
volunteer support.

Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed
editions, all of which are confirmed as not protected by copyright in
the U.S. unless a copyright notice is included. Thus, we do not
necessarily keep eBooks in compliance with any particular paper
edition.

Most people start at our Web site which has the main PG search
facility: www.gutenberg.org

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including how to make donations to the Project Gutenberg Literary
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